25.7.06

Ser, e não ver.


Mas eu não te amo.
Não ainda. Não quem sabe... Não agora.
Hoje apenas te desejo.
Minhas palavras não juram nem declaram.
Apenas te acariciam.
Brincam com a sua boca.
Dizem-te para mim.
(Fernanda Mello)
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Hoje, só hoje, eu deveria ter me dado um tempo. Um "'muito tempo' bem grande" para não me esquecer de mim. Antes de me sentir, me escutar. Ver que som que sai de mim (um agudo ou um grave?!). Preferia uma constante. Mas, bem.
Hoje eu não me escutei, escutei muito dos outros. E dos outros, sobre os outros. Acabei escutando o que deveria sair de mim, e não é o que sai.
Aquele som de saída e de uma conseqüente entrada retumbante.
Mas, infelizmente ainda não é hora.
A entrada vai ficar para mais tarde. O jantar vai começar mais tarde. A recepção vai ter que ser longa porque eu preciso de um "'muito tempo' bem grande" para me achar no meio dessa confusão, dessa multidão que fala, escutar àquelas que vozes me confundem.
Elas não sentem por mim. Elas trocam meus exageros por amor, paixão. E se paixão for fissura, vontade...bom, então economizemos palavras e usemos uma só. Tudo é uma grande paixão.
Elas me deturpam o tempo o todo, dizendo coisas que não sou, não sinto, não quero.
Eu ainda não quero eternidades. Ou "ainda nem vou querer nunca", com esse outro.
Eu escuto aquelas vozes que não me sentem, que dizem o que é inteligível mas pouco, muito pouco sensível.
E o que faço de mim, se não morrer de sentir? E sentir não é sinônimo para sofrer. É só sentir. Na mesma proporção o bom e o ruim(talvez mais o bom que o ruim), as estranhezas da vida.
E não reclamar.
Acho que ando escutando essas vozes porque reclamei. Reclamei da angústia de não ter com quem sentir.
Reclamei, porquê?
Sentir, a gente sente sozinho.
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Acontece que além do que eu sinto, por mim, sozinha EM MIM...
Acontece que eu também senti o dele. O cara dos braços...
Eu senti o egoísmo...e o resto dele.
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Estou farta dessas mesmas coisas, o de hoje.
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Chega.
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E que fique claro...
eu não amo, eu desejo.